Páginas

domingo, 19 de junho de 2011

BRUNA VIOLA

                                                                    viola apaixonada

A mato-grossense de 17 anos sobressai entre os jovens representantes do som caipira mais tradicional.
Por José Flávio Júnior
17 de dezembro de 2010. Quando o mestre de cerimônias anunciou a entrada da jovem mato-grossense no palco, senti que, como eu, boa parte do auditório nunca ouvira falar dela. Estávamos na edição brasiliense do Voa Viola, festival itinerante criado para difundir trabalhos de velhos e novos violeiros. Num evento repleto de feras, a menina de 17 anos se encarregava de aquecer a plateia para a chegada do veterano Renato Teixeira, o astro da noite. Vestida à moda das cowgirls, com botinha, fivelão no cinto e chapéu, Bruna Viola executou três temas - entre eles, o dificílimo Luzeiro, de Almir Sater -, movimentando o instrumento de dez cordas para cima e para baixo, à maneira de uma rockstar. Algo muito especial acontecia ali, e mais gente precisava saber.
"Ela tem um tremendo potencial para revolucionar a história da viola", avalia Roberto Corrêa, violeiro de renome, curador do festival e um dos mais importantes pesquisadores do assunto no país. Não bastasse esbanjar carisma, Bruna - que também canta - consegue tocar num ritmo um pouco mais acelerado do que o tradicional, sem soar "moderna" em excesso. Está pronta para agradar tanto o público conservador, fã da "música de raiz", como o que prefere as vertentes pop do gênero.
Foi no sítio do bisavô que a cuiabana conheceu as modas caipiras. "Ele costumava ouvi-las em emissoras de rádio AM e fui pegando gosto", relembra Bruna. Com apenas 11 anos, pediu uma viola à mãe - que adquiriu um violão, pensando se tratar da mesma coisa. A garota ficou decepcionada. E só obteve o que desejava depois de os pais lhe emprestarem o cartão de crédito para que comprasse um CD. Quando retornou da loja, a menina, aos prantos, carregava uma sacola: "Não resisti e peguei a coleção completa do Tião Carreiro & Pardinho. Assim que fizer meu primeiro show, devolvo o dinheiro". Desde então, Tião Carreiro é a grande referência da autodidata Bruna. Ela adora dizer que nasceu no mesmo ano em que o lendário violeiro de Montes Claros (MG) morreu: 1993.
A agenda cada vez mais repleta de compromissos artísticos não a impediu de ingressar na faculdade de veterinária em fevereiro. Como outros adolescentes, Bruna frequenta espetáculos de Luan Santana, Fernando & Sorocaba e demais estrelas do chamado "sertanejo universitário". Todas as suas amigas curtem o estilo. Já na hora de ouvir modas de viola, a moça só encontra a cumplicidade de amigos homens. "Poucas mulheres têm coragem de enfrentar a música caipira mais tradicional", diz Inezita Barroso. A cantora e compositora de 86 anos sabe bem o que é fazer história nessa seara, dominada pelo sexo masculino. Fã do primeiro (e até agora único) disco da menina, Inezita a convidou para uma recente edição do programa Viola, Minha Viola, que comanda na TV Cultura. "Há um enorme talento ali. Espero que Bruna nunca tire a viola do peito."

contato no site :http://www.brunaviola.com.br/
videos:

Nenhum comentário:

Postar um comentário